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Estado de (des)Graça

todas sabemos que a gravidez é um estado de graça.

21.Fev.17

sonhos de papel

Andava atrás deles há semanas para combinar um programa familiar, insistia, normalmente sem retorno mas com a minha amiga I. já sabia com o que contar e nunca fui de exigir, até que ela atira-me com uma bomba para cima do colo, qualquer coisa do género, "se quiseres combinar um lanchinho ou vou eu e as crianças ou o pai e as crianças". Assim, sem paninhos quentes soube que o meu casal melhor amigo se ia separar. Ela é a minha melhor amiga, não preciso que ela me abrace todos os dias para sentir o  carinho da sua amizade, ele é o padrinho do meu único filho. Sonharam, construiram uma casa juntos, casaram e tiveram meninas. E depois o sonho, o projecto de vida a dois, acabou, assim. Não de um dia para o outro, mas chegou ao fim. E na vida adulta não se trata só de amor, ou de arranjar outro, hoje apercebo-me que o fim das relações pode ser muito mais do que isso, ou muito menos, basta que o projecto a dois mude e se rasgue o sonho de papel. E numa época tão moderna, em que cultivamos a futilidade ao mais alto nível e contra a mim falo, em que o que interessa é ter, ter e ter e acabamos por esquecer o ser, os sonhos trocam-nos as voltas, esmorecem e a vida real está ali, debaixo dos olhos, à vista de todos. Hoje via fotografias dele e vieram-me as lágrimas aos olhos, não só pelo que mudou mas também porque acredito que os sonhos deles hão-de voltar. Diferentes mas óptimos na mesma. Sinto falta daqueles dois como casal, apesar de continuar a tê-los ambos. Atrevo-me a dizer que era mesmo o nosso único casal amigo, mas a vida é mesmo assim, e a minha tem-me ensinado a não esperar de mais e a caminhar sempre de olhos postos no chão.

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