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Estado de (des)Graça

todas sabemos que a gravidez é um estado de graça.

22.Mar.16

Peripécias inférteis (III)

As novidades escasseiam tal como a vontade de falar sobre o problema. Mas por outro lado sinto-me na obrigação de partilhar qualquer coisa porque enquanto escrevo posso ajudar alguém que me leia. A incapacidade de conceber ou de levar a termo uma gravidez tem um condão tão solitário que é assustador. Não quero sentir-me sozinha nesta caminhada. Enquanto escrevo tenho a certeza que alguém me lê, e só escrevendo consigo libertar todas as frustrações, medos ou ânsias que esta caminhada me trás. Enquanto escrevo atenuo alguns sentimentos de frustração ou tristeza mesmo que não escreva para ninguém em particular. Nunca ninguém me disse que ia ser fácil, mas não me preparei para ser tão difícil. Nunca ninguém me disse que ia precisar de dedicar tanto tempo a este tema, tantas deslocações, medicações ou ecografias. A vida não nos ensina nada sobre isto, as nossas mães não dedicaram tempo a explicar-nos que nem sempre dá ou acontece e a escola não nos prepara para a infertilidade, fala-nos de um aparelho reprodutor que tem tudo para trabalhar. 

O caminho é difícil, cheio de altos e baixos, com muito choro à mistura e muito pena de nós próprias. O caminho pode ser demorado e o relógio não pára porque a nossa condição piora de ano para ano e a idade joga contra nós. Mas é o caminho percorrido que nos tem de tornar mais fortes e fazer acreditar que o nosso dia há de chegar, não sei de que forma e se naquela que queremos, mas chegará. 

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