Guerra declarada
Declararam guerra ao chocolate de leite e ao chocolate branco, ao leite e à lactose, à farinha de trigo e ao glúten, à batata branca e ao amido, à carne de porco, às salsichas e ao fiambre que não seja de aves, ao queijo que não seja branco, à manteiga que seja Mimosa ou Açores. Ao açúcar, ao mel e às compotas, aos cereais de pequeno almoço e às bolachas, ao pão branco, semi branco e quase castanho, ao pão de forma, de leite ou brioche. Guerra às gelatinas e às gomas, aos molhos da Calvé e tantas outras marcas, aos gelados que não sejam sourbet, às amêndoas da Páscoa, aos ovos moles, ao bolo rei e ao Pastel de Belém. Ao arroz que não é basmati ou integral e a todas as massas da Nacional. Ensinaram-nos a ler rótulos, a contar macronutrientes ou calorias, a distinguir a gordura saturada da que é boa. À mesa devem estar os ovos, a carne de frango, a pescada e o salmão. A batata doce e os brócolos e já nem sopas com legumes variados podemos fazer. Declararam guerra ao vinho e ao espumante, mas Gin até pode ser, aos sumos de fruta com mais que uma peça ainda que feitos na hora, aos refrigerantes light ou normais ou aos sumos de pacote. Adoptaram o óleo de coco ou de linho, o kamut ou a espelta. Adoptaram o Atkins ou Paleo e deitaram por água os hidratos a partir das 17h. Adoptaram os treinos de alta intensidade e puseram de parte as maratonas, venham as tabatas e os hiit 2-4, os treinos de ferro e funcionais.
Pergunto-me o que vai o meu filho comer quando tiver a minha idade. Que este mundo louco tenha já dado uma volta de 180º e nos permita beber uma imperial com uns tremoços a acompanhar e que seja cool postar isso no instagram.