E o pior de ser mãe...
... deixamos de existir, eu deixei de ser eu para passar a ser mãe do Pablo, mas em todo o lado (excepto no escritório), com toda a gente, pais e marido inclusive. Não sei como se dá a volta a isto mas há situações em que fico verdadeiramente afectada.
Sou filha única, sempre tive as atenções viradas para ti e de repente passa para último plano, a minha mãe liga-me e diz-me "olá filha, como está o bebe? já fez coco? já isto já aquilo?" E eu? Um e tu estás bem? De vez em quando ficava bem. Ou quando chegam a minha casa e cumprimentam primeiro o bebe, e a mim caso me vejam. Apesar de ser um pouco maior que ele na maioria das vezes sinto-me invisível.
Com o marido a história é outra, sinto-me menos mulher, é normal, continuo sem tempo para me arranjar decentemente, as unhas andam sempre numa desgraça, a celulite teima em não sair porque não cumpro nenhum tratamento até ao fim, deixei de treinar, cancelei o ginásio, despedi a empregada, tudo junto ando um caco. O marido vai ficando para último plano, e quando vem para primeiro é só para desconversar um bocado ou discutir um pouco. Se calhar é assim que começa, ou então é uma fase, que dura há precisamente seis meses e meio.
Dou por mim a pensar que sou uma sombra daquilo que já fui, mas é um misto de sentimentos porque não me sinto afectada, ele compensa.