Do medo irracional
De morrer ... não sei precisar quando este medo começou, mas foi surgindo em pequenas paranóias, que depois eram exponenciadas ao máximo. Reflectiu-se em ataques de pânico que apareciam muitas vezes já deitada, começava na sensação de aperto no peito, falta de ar e depois aquela sensação de estar qualquer coisa de muito errada. Não raras as vezes o meu marido tinha de ficar ali ao meu lado até eu adormecer. Por várias vezes pedi que me acordasse durante a noite só para ter a certeza que estava viva. Reflectiu-se no medo de desenvolver determinadas doenças (cancro da mama por exemplo) que faz com que me foque nessas partes do corpo onde tenho medo de haver algo errado. Já perdi a conta à quantidade de ecografias que fiz, ressonâncias porque nunca fico satisfeita. Tenho tendência para desenvolver quistos (aliás já removi um do ovário) e isso não acalma em nada os meus receios.
Viver assim não é fácil, e se há alturas que consigo ser racional, outras há em que perco a noção do sensato ao ponto de me descontrolar. E quem sofre deste tipo de medos saberá o quão o nosso corpo responde fisiologicamente ao medo aterrador.
Ganhei coragem para escrever sobre isto, que na minha cabeça é assunto muito mais tabu que a porcaria da infertilidade.