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Estado de (des)Graça

todas sabemos que a gravidez é um estado de graça.

20.Out.22

Do acreditar nos sonhos

Das que por aqui andam, muitas acharão que o meu caminho até foi fácil, e em comparação com muitas histórias tenho já dois rapazes saudáveis neste mundo.

Na primeira gravidez demorei um ano a engravidar, ciclos longos e muitas vezes anovulatórios. Do segundo filho estive mais de 300 dias sem menstruar, uma amenorreia que surgiu do nada, que me deu direito a uma operação a um ovário, a um drilling ovárico, a ser introduzida no encantado mundo da metformina, a ver o meu peso que aumentava estupidamente porque hormonalmente nada se passava aqui dentro. Consegui através de um TEC engravidar do Matias ao fim de dois anos de tratamentos. Fui mãe em Dezembro de 2017, e em Janeiro de 2018 o meu corpo passou a trabalhar que nem um relógio, depois de mais de dois anos de amenorreia. Disseram-me uma vez (os médicos) que não voltaria a ser mãe espontâneamente, mas a verdade é que em 2020, quando quis, engravidei no primeiro teste de ovulação que fiz. Acabei por ter uma perda gestacional pelas 12 semanas e o meu mundo desmoronou. Bati no fundo, andei perdida, tomei anti-depressivos, calmantes, um cocktail de drogas, mas levantei-me. 

Acredito que o cansaço da infertilidade que nunca cheguei a viver com sofrimento e depois esta perda despoletaram tudo de mau que havia em mim. Quando estabilizei voltei muito a querer ser mãe, parei a pílula em Janeiro de 2022 e engravidei novamente com ajuda dos testes clearblue. Eu acreditei sempre, nos três/quatro processos pelos quais já passei que haveria de conseguir. 

A nossa dor é sempre maior que a dos outros, é nossa, e é nela que temos de arranjar forças para seguir e lutar até ao fim.