Birras e mais birras
Socorro! O meu filho tem dois anos e dois meses e o monstro das birras bateu-nos à porta.
Sabem aqueles miúdos que se atiram para o chão no meio do Pingo Doce? O meu atira-se.
Sabem aqueles miúdos que desatam num berreiro no meio da rua só porque ouviram a palavra NÃO? O meu deve ser o que grita mais alto.
Sabem aqueles miúdos que disturbam os jantares românticos de casais que ainda nem sequer pensam ter filhos? O meu disturba esses e todos os outros, até aqueles que têm filhos.
Sabem aquelas criaturas que cospem a comida, metem a mão à boca para tirar tudo o que está lá dentro e ainda puxam o vómito? O meu faz isso tudo.
Sabem aquelas mães que batem por tudo e por nada? Sou eu e não é por tudo e por nada, as birras dão cabo de mim, assumo, não sei lidar com elas, não quero lidar com elas e o meu filho está INSUPORTÁVEL. Agora que vivencio esta maravilha posso dizer que é muito difícil gerir isto em público. As pessoas comem-nos com os olhos, comem porque os deixamos berrar, comem-nos porque afinal não os deixamos berrar e damos uma palmada na mão. Crucifixam-nos porque dizemos "está bem queres ficar deitado no chão no meio dos frescos do supermercado fica" e porque viramos costas. Criticam-nos porque acabamos por comprar mais um carro só para a peste se calar, ou porque não compramos e coitado o miúdo queria mesmo e precisava mesmo de um carro.
Que bom estar no silêncio do meu escritório com a criatura berrante longe de mim. (ups lá vou eu ser criticada outra vez).