Tempo de recuperar
Mais do que tempo de recuperação, é preciso tempo para recuperar. E dizem que o tempo é o melhor amigo. Quem passa por isto perde a conta ao número de vezes que nos dizem que é super normal, que acontece, que estatisticamente as probabilidades aumentam conforme vamos tendo mais filhos. Quem passa por isto sabe que custa olhar ao espelho depois, que tivemos um bebé connosco, e que ele agora já não está. Sabe que custa o equilíbrio do corpo que passa de um estado "super hormonas" para um estado "zero tudo". A ressaca é grande, o cansaço é enorme. Mas a vida precisa continuar, quem tem já filhos em casa precisa de lá estar para eles, quem não tem precisa de cair, levantar e ganhar força porque com certeza quer voltar a tentar. Quem tinha dúvidas sobre ter mais um, depois disto fica ainda com mais dúvidas: valerá a pena tentar e correr o risco de uma nova perda?
Ainda não me consigo olhar ao espelho, faz-me impressão, até porque fico mais bonita quando estou grávida e nos meus pós-gravidezes fico um caco: pele oleosa, cabelo oleoso, borbulhas, inchaço, retenção. Parece um pós exactamente igual aqueles em que tive um bebé. E isso é duro. O mais duro de tudo, olhar para mim, para o meu corpo, estar virado do avesso, mas não ter nada como contrapartida. Mas a vida continua, a minha continuou. Não quis parar, não me permiti parar, mas eu sou assim e este é o meu "luto".