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Estado de (des)Graça

todas sabemos que a gravidez é um estado de graça.

15.Jan.20

O terceiro

Foi no mês de Dezembro, perto do Natal que descobri que estava grávida, sentia-me esquisita, com sono e mal disposta. Sempre agoniada. Achei difícil, mas resolvi fazer o teste, num domingo, marido nas compras com os miúdos, cinco da tarde, e teste positivo. 2-3 semanas dizia o famoso "clearblue". Mandei um grande m**** e enviei whatsapp ao marido. Não sou boa em surpresas, encantos e floreados. E no fundo não queria. Queria e não queria. Sempre achei que seria incapaz de gerar de forma natural, e portanto estava mentalizada de que quando quisesse ia à Ginemed e colocava o embrião. 

Este cepticismo todo com que passei a encarar a vida, foi transposto para o meu dia-a-dia. O marido tentava falar sobre o assunto e eu desviava-me do mesmo. E tive assim até o dia 29 de Dezembro. Fui visitar o meu querido obstetra, e as dúvidas, as minhas, começaram aí. Ecografia feita, saco em sítio correcto e vesícula vitelina visível. Só isso. Achei que viria mais, era altura para se ver mais, mas os médicos não nos ouvem e eu também em negação continuava. E continuei. Fiz as análises da praxe e hoje voltei para datar esta não gravidez. 

Chego à Cuf em modo autómato, espero duas horas em modo autómato, e quando o obstetra começa a ecografia e diz, "bem não vejo embrião nenhum, apenas ali um género de esboço" em modo autómato continuei. "Vai ter de repetir, desta vez com médica especialista em ecografias fetais". Tudo bem, saí de lá e não perguntei nada, o que quereria aquilo dizer, fazendo contas à cabeça, e em matemáticas muito optimistas o mínimo dos mínimos que poderia estar seriam 8 semanas. Sexta-feira volto para datar a minha não gravidez, e se o instinto não me falhar, à lista da infertilidade juntarei também uma gravidez anembrionária.