As avós dos dias de hoje
A minha mãe não costuma ficar com os meus filhos, nunca ficou sequer com os dois em sua casa, o Matias já lá dormiu uma vez quando tinha quase um ano (tem quase 2). O Henrique dorme lá algumas vezes, principalmente no verão quando o tempo convida a mergulhos na piscina. A minha mãe assume que não tem paciência, que não brinca com eles, que eles fazem barulho, desarrumam e deixam cair migalhas. Migalhas chamam formigas e a minha mãe tem a paranóia das formigas. A minha mãe não gosta de cozinhar nem de dar comida. A minha sogra não tem força para os pegar ao colo, e portanto quando são bebés é mais difícil ficar com eles, nunca dormiram em sua casa, nem nunca lá ficaram sem mim. A minha sogra não tem sequer uma cama para eles, um copo de água ou uma chucha. A minha sogra tem uma agenda preenchida entre cabeleireiros, consultas e compras no El Corte Inglês. A minha sogra ao contrário da minha mãe até gosta de cozinhar e fá-lo com gosto para os netos. É voluntariosa se os pedidos não forem muitos mas vive na lei da compensação - se vai lá passar uma tarde a casa não aparece nas 3 semanas a seguir. Não querendo ofender ninguém estas são as avós (inúteis) dos tempos modernos.
Há estas avós e depois havia as avós ÂNGELAS de antigamente, a minha querida avó. Que ficava com os netos dias a fio, fazia-nos bolo e deixava restos no salazar para que pudéssemos tirar com os dedos. Levava-nos ao mercado de Algés para comprar bifes, fruta e carcaças e tinha sempre sumo tang e gelatina com bolacha Maria em camadas. Ficávamos em Algés em Agosto enquanto os nossos pais trabalhavam, não havia ATLs e o prédio não tinha piscina, mas éramos felizes na casa desta avó.