E quando menos se espera uma réstia de esperança surge. O Zumenon fez efeito e o endometrio começou a ficar fofinho. O ovaleap também parece ter resultado e graças a deus que baixámos a dose (valeu-me o meu deja vu) porque os meus ovários preparavam-se para fazer das suas e tinhamos uns bons 7 ou 8 folículos a prepararem-se para a corrida. Amanhã de manhã vou à Ginamed levar Pregnyl ( gonadotropina coriónica humana ou Hcg) e encerro assim este capítulo com dois bonitos folículos. A partir de segunda começo o Progeffik (progesterona) e baixo a dose de estradiol. Já passei por estes passos todos no passado, faz exactamente agora um ano e um mês, e não aconteceu nada, ou melhor, o meu período que nunca aparece, dessa vez apareceu em força e 5 dias antes. Estava eu em plena viagem de trabalho em Luanda, foi super agradável. Restam-me 20 dias sem pensar muito no tema, prometo a mim mesma que não vou pesquisar mais nada sobre nenhum destes medicamentos, efeitos secundários ou tratamentos similares. É como se nada se tivesse passado, um reset que faço hoje a partir das 00h.
E a crise que me deu quando me apercebi que ia ficar com um berço vazio em casa? Gritei com o meu marido a dizer que ia atirar aquilo pela janela, não queria de maneira nenhuma ter de lidar com o berço vazio tendo plena consciência que o meu corpo não é capaz de gerar vida. Adiei por isto, pela impotência de não ter nada ao meu alcance que pudesse mudar. Há dois anos atrás achei que por esta altura já teria um bebé de pelo menos 1 ano ao meu colo.
O berço foi substituído por esta cama, e não, não foi pela janela, desmontou-se e foi para casa dos meus sogros.
Andava atrás deles há semanas para combinar um programa familiar, insistia, normalmente sem retorno mas com a minha amiga I. já sabia com o que contar e nunca fui de exigir, até que ela atira-me com uma bomba para cima do colo, qualquer coisa do género, "se quiseres combinar um lanchinho ou vou eu e as crianças ou o pai e as crianças". Assim, sem paninhos quentes soube que o meu casal melhor amigo se ia separar. Ela é a minha melhor amiga, não preciso que ela me abrace todos os dias para sentir o carinho da sua amizade, ele é o padrinho do meu único filho. Sonharam, construiram uma casa juntos, casaram e tiveram meninas. E depois o sonho, o projecto de vida a dois, acabou, assim. Não de um dia para o outro, mas chegou ao fim. E na vida adulta não se trata só de amor, ou de arranjar outro, hoje apercebo-me que o fim das relações pode ser muito mais do que isso, ou muito menos, basta que o projecto a dois mude e se rasgue o sonho de papel. E numa época tão moderna, em que cultivamos a futilidade ao mais alto nível e contra a mim falo, em que o que interessa é ter, ter e ter e acabamos por esquecer o ser, os sonhos trocam-nos as voltas, esmorecem e a vida real está ali, debaixo dos olhos, à vista de todos. Hoje via fotografias dele e vieram-me as lágrimas aos olhos, não só pelo que mudou mas também porque acredito que os sonhos deles hão-de voltar. Diferentes mas óptimos na mesma. Sinto falta daqueles dois como casal, apesar de continuar a tê-los ambos. Atrevo-me a dizer que era mesmo o nosso único casal amigo, mas a vida é mesmo assim, e a minha tem-me ensinado a não esperar de mais e a caminhar sempre de olhos postos no chão.
Adiei, por vários meses, fui adiando, adiando adiando, até que um dia olhei para ele e vi que batia com a cabeça no topo do berço e os pés tocavam no fundo. Pensei, ok Gracinha, a criatura já não cabe na cama de grades, é muito cómodo porque assim não se levanta a meio da noite, não tens visitas nocturnas ou um rapaz a aparecer-te na sala enquanto vês uma série, mas ele já não cabe. Fechei os olhos por mais um mês, mas o inevitável aconteceu, tive de comprar uma cama de rapazito, extensível só porque é mais fofinha enquanto ainda está no tamanho pequeno.
Expliquei-lhe que era um menino crescido e que ia ter uma cama nova, com algumas coisas novas no quarto, era um motivo de festa, mas que só podia ser celebrado caso ele não saísse da cama, "a cama é para dormir, não se sai da cama, alguma coisa chama a mãe". E deitei-o na primeira noite, desconfiada, e achar, o miúdo vai cair da cama, não vai dormir nada, vai-me aparecer aqui a qualquer momento, vai choramingar durante a noite, ainda para mais todo cheio de gripe. Não aconteceu nada. "Até logo mamã, o henri tem fralda?" perguntou-me enquanto encostava a porta do seu quarto como sempre faz desde que começou a dizer frases completas. "Sim tem fralda, dorme bem meu bebé". E fechei a porta, respirando fundo e sabendo que havíamos dado mais um passo para o crescimento dele.
E vamos para o terceiro cartuxo deste injectável. Só agora é que os ovários começam a acordar ainda que muito timidamente. Curiosamente o endometrio continua adormecido e portanto introduzimos uma nova droga - zumenon (estradiol).
Perante este cenário avisei a médica que estava a ter um deja vu. Na IVI, na minha última estimulação levada a termo, também começou assim, muito devagar, folículos a crescerem muito pouco até que cheguei ao estado em que estava hoje e mantiveram a dose por mais 3 dias. O que se passou ao 4º dia não foi bonito de se ver uma vez que tive uma super-resposta. A médica ficou apreensiva e resolveu baixar a dose do Ovaleap. Disse que não se perdia nada.
Já começámos a preparar terreno para a FIV... hoje comuniquei que este será o meu único tratamento nestes termos. Acho que lhe vi alívio na cara, e diz ela que uns ovários muito poliquisticos funcionam bem numa fertilização in vitro.
Tal como sugeri ontem, comigo havia duas hipóteses, não acontecer nada, ou acontecer tudo, ficar ali no meio termo e ter dois bonitos ovos não tinha graça nenhuma que as coisas querem-se é com emoção. E assim os meus queridos ovários voltaram a mostrar a sua teimosia e mantiveram-se adormecidos. Continuo a mesma terapêutica e daqui a uns dias volto para ver a evolução.
Apostamos que por essa altura eles não só resolveram acordar como fazer um banquete de ovos poché?
Hoje será o 6º dia com este injectável, 75 ml/un, acho que é igual ao GONAL-F em termos de propriedades. Estou curiosa por saber se há um reboliço grande ou se os meus ovários estão adormecidos. Adoraria estar no meio termo, mas já sei que comigo é sempre do 8 para o 80. Espero estar errada desta vez. Tenho-me pesado para ver se há oscilações de peso (dizem que quando hiperestimulamos há acumulo de liquido e o peso aumenta) e nada. Amanhã monitorizo. E eu só peço um sapato calçado sem pedrinhas a incomodar.
Progyluton já deu o efeito esperado e portanto a primeira etapa está a correr conforme o esperado. Já não sabia o que isto era. Começou pela manhã com uma irritabilidade extrema, fome e dores de cabeça. Daqui a 3 dias começam as injecções na barriga com Ovaleap. Apesar de estar a correr conforme seria expectável é um peso que tiro de cima na certeza que o meu corpo ainda reage a estímulos externos (pelo menos isso).
De ressaltar a interessante leitura "O intestino também sente" com uma abordagem de prevenção da doença através da desintoxicação deste órgão, o filme "Editor de Génios", chato como tudo, duas horas perdidas em que nada acontece e o brunch do Martinhal Cascais, perfeito para quem tenha crianças e as queira deixar a brincar enquanto petisca qualquer coisa. O brunch não é magnifico em termos de variedade mas vale (muito) a pena pelo espaço e actividades que tem para os mais novos.