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Estado de (des)Graça

todas sabemos que a gravidez é um estado de graça.

08.Nov.16

17 meses

O tempo passa, 17 meses desde que começamos a tentar o segundo filho. 17 meses depois aprendi que a vida nos prega partidas lixadas, que não vale a pena fazer grandes planos, contas ou decisões. Há assuntos sobre os quais não temos o domínio absoluto. Não controlamos tudo e não podemos querer controlar. 

17 meses depois, 4 induções, duas ressonâncias, um diagnóstico de resistência insulinica, um diagnóstico de pré-diabetes, um diagnóstico de sop e outro de endometriose, 17 meses depois estou mais velha, mas também mais forte. Aprendi a gerir expectativas, a calar angústias a adormecer dores e sofrimentos. Fi-lo por mim e pelo meu marido, mas acima de tudo pelo meu filho. Aprendi a relativizar tudo mas também me tornei mais insensível. Os problemas dos meus amigos parecem-me mínimos aos meus olhos e aquele sentimento de compaixão já não o sinto por ninguém. 17 meses depois só me importa a felicidade dos meus dois mais próximos, lutar por eles e pelo casamento que com estas coisas também leva bons abanões. 

17 meses depois, mais de 50 consultas em médicas e especialistas das mais diversas áreas sinto-me mais saudável que nunca mesmo não o estando. Conheço-me de uma forma que nunca pensei possível, durmo até melhor. São nestas partidas que a vida nos prega que temos de tirar as melhores lições. No meio de tanta porcaria qualquer coisa se há-de apreender e levar para a vida. E trata-se apenas de arranjar o escape que nos permita manter alguma sanidade. Escolher uma coisa por dia que nos faça realmente bem, e repeti-la todos os dias. Esta é a cura. Que seja ioga, reiki, musculação. Que seja um copo de vinho, um chocolate, uma música ou meditação. Que seja uma sesta, uma corrida, compras ou limpezas domésticas. Qualquer coisa serve desde que funcione. Este tem sido o meu caminho.