A minha APP Flo está-me constantemente a dizer "não se esqueça de registar o inicio do seu período". E se fosses passear? Já ouviste falar em atrasos? SOP? Amenorreia? Anovulações? Tudo o que quiseres eu tenho. É invevitável não contar os dias (43º), é inevitável não pensar que serão mais 350 como da última vez. Não dá para "não pensar no assunto". A não ser que fosse acéfala. Desta sexta a oito volto à carga na IVI. Que surpresas estarão reservadas para mim? Normalmente sempre que volto há qualquer coisa nova (e má) a atrapalhar o processo.
Acho que há datas que nunca se devem deixar de comemorar, e no que toca ao amor devemos sempre festejá-lo. Tenho aprendido que na vida tudo é tão fugaz, escorregadio e volátil que o mote é mesmo aproveitar cada dia como se fosse o último. Não sou dada a manifestações de carinho ou amor com o meu marido, é da minha natureza, ser assim, no meio caminho entre o frio e o distante, mas continuo a amá-lo como no primeiro dia em que o comecei a amar, sou dependente dele para ser feliz, ou melhor, a felicidade só existe enquanto partilhada com ele. Nem sequer quero saber o que é isso de estar sozinha. Foram 5 anos comemorados em grande na cidade dos eternos apaixonados.
A semana começa por algum inchaço, muito comum a seguir a viagens de avião, e dois dias fora de casa para metabolismos "estragados" são o suficiente para ganhar 1kg. Já todas sabemos que a melhor maneira de combater a retenção de líquidos é beber mais líquidos e apostar numa infusão de Cavalinha. As fotografias mostram um corpo com percentagem de massa gorda elevada apesar dos treinos de força feitos 4 vezes por semana. É um trabalho de persistência e paciência. Venha ela.
Sempre fui cliente assídua do Holmes Place, há qualquer coisa nestes clubes que me deixa em paz e me faz sentir em casa, talvez por isso mesmo, serem Clubes e não meros ginásios. Até ser mãe treinava duas vezes com PT e uma vez sozinha, depois de ser mãe, e porque o meu corpo nunca mais voltou ao sítio, fruto dos 20 Kg que engordei passei a treinar 5 a 6 vezes por semana. Sem resultados aparentes porque estava a fazer demasiado cardio e porque a minha (nova) condição de insulino-resistente não deixa que as minhas células musculares absorvam o que têm de absorver. Se uma mulher já tem dificuldade em aumentar a massa magra, uma mulher com esta doença tem 10 vezes mais dificuldades.
Apesar disto tenho aprendido que com esforço tudo se consegue, e com fé talvez também eu consiga. Inicio aqui uma nova fase de partilha da minha condição física como um diário de bordo (semanal). Tenho um bichinho que me diz que assim que conseguir descer o percentual de massa gorda conseguirei engravidar.
A criatura lá em casa aprendeu a dizer "não quero..." e como qualquer criança que se prese vá de dizê-lo até à exaustão.
A criatura acorda, a mãe dirigi-se ao seu quarto para começar a arranjá-lo e começa a cantoria "não quero a mamã", ai "queres quem então?", "não quero a mamã", e vira-se de barriga para baixo. Eu cheia de paciência, são 09h, tenho de sair dentro de 20 minutos, e ainda tenho de o vestir, dar-lhe o pequeno almoço, tomar o meu pequeno almoço, acabar de me arranjar (esqueçam lá a parte da maquilhagem, há muito que não tenho tempo para isso), digo "meigamente", "vá querido, tem de ser a mamã".
Consigo começar a despi-lo ao fim de 5 minutos. "Mãe, eu quero ver o cocó", vai de abrir a fralda e mostrar-lhe aquele pequeno tesouro, limpar-lhe o rabo com água Uriage e tentar pôr-lhe as cuecas "mãe não quero as cuecas, o henrique é nú", e começa aos pulos na cama de rabo ao léu, eu já toda a suar, faço malabarismos para conseguir acabar de o vestir. "mãe chão!" no seu tom de anão autoritário. "Não querido, temos de ir tomar o pequeno almoço", "não quero, e não quero a mamã".
Sento-o na cadeira da cozinha e ponho a Masha e o Urso no Ipad (outra pequena tirana que só dá maus exemplos ao meu filho). "Mãe eu quero o ovo". "Não querido hoje é iogurte com aveia como sempre", "não quero, o henrique quer o pão". "QUERIDOOOO VAIS LÁ ABAIXO COMPRAR PÃO, O TEU FILHO QUER PÃO", ah esquece o papá já saiu. "Tens de comer o iogurte com aveia", "não quero", mais uma colher, "não quero", mais outra colher, e lá consigo acabar em 10 minutos de o alimentar. Acaba a Masha e começa "mãe chão". Pouso-o no chão e respiro, olho para ele e apetece-me encher aquelas bochachas de beijos "deixa-me dar-te um beijinho por favor" (imploro). "NÂO, não quero a mamã". Ok desisto, "amanhã ficas a chorar na cama, e quem vai tratar de ti é o Panda ou quem aparecer". Ri-se, já sabe que eu estarei lá sempre. Ouve a porta e o habitual "olá meu amor!", chegou a João! "Não, não quero a João, eu quero a mamã".
Passámos a adolescência toda a meter lembretes no telefone para não nos esquecermos da pílula, tomávamos a pílula religiosamente à mesma hora, sem falhas e mesma assim se o maldito não aparecia no fim da caixa vá de ficar em pânico não fosse a coisa ter-se dado. Mantínhamos relações super-hiper-protegidas porque as nossas mães sempre nos ensinaram que crianças e adolescentes não devem ter bebés, e que isto de os fazer é fácil, que basta uma vez para a coisa se dar. Crescemos e aprendemos que em cada ciclo nem sempre ovulamos, que quando ovulamos temos uma janela temporal de dois dias para a coisa acontecer e mesmo assim, acertando em todos os horários, cumprindo todas as regrinhas as probabilidades são de 30%. Querida mãe, porque me enganaste toda a vida?
Último livro devorado - MAESTRA de L.S. Hilton. Adorei. Litratura soft e que nos prende. Então para mulheres fúteis como eu é ideal uma vez que damos largas à imaginação e imaginamos todas as peças Chanel que a Judith comprou. Comparar este livro aos da saga das Cinquenta Sombras de Grey está assim ali lado a lado com comparar os livros do Harry Potter com os do Senhor dos Anéis. Venha de lá o segundo volume que estou muito curiosa.
3 meses desde que iniciei o tratamento com Risidon/Metformina e ainda não consegui equilibrar uma série de coisas. 3 meses de muitos enjoos, de muitas oscilações de peso e perda de massa magra. 3 meses para saber que o caminho é muito longo e sinuoso, que preciso ter fé e continuar em busca de um ponto de equilíbrio. 3 meses para descobrir que nunca voltarei a ser magra e seca como era porque o meu metabolismo não tem condições para isso. 3 meses em que tive uma história, que me deu esperança e que depois nada mais aconteceu. 3 meses em que marquei IVI, desmarquei IVI e remarquei IVI. 3 meses que me baralharam as ideias, deixaram tudo desarrumado e em extrema confusão. 3 meses para me aperceber que uma gravidez nada tem haver com o resto, posso engravidar mas continuarei em busca de respostas. Posso engravidar mas o problema continuará a existir e provavelmente piorará. 3 meses de frustrações, de quedas, de levantares. 3 meses em que envelheci 3 anos.
No meio das minhas (muitas) pesquisas sobre a minha nova condição, descobri que o índice glicémico de certo alimento pode não ter impacto no indicie insulínico desse mesmo alimento. Existem certos tipos de comida que aumentam os níveis de insulina no sangue, mas não os níveis de açúcar o que para uma mulher com SOP insulino-resistente pode fazer muita diferença. Será que ainda vamos ter uma Dieta da Insulina? Sabe-se que a ingestão de proteína produz metade da insulina que os hidratos de carbono, mas e dentro dos hidratos? Não haverão uns que são melhores que outros? E se eu vos disse que o arroz integral tem um índice glicémico baixo, mas que a massa integral tem um índice de insulina menor que o arroz?