Ainda não tinhas 27 anos quando te conheci, hoje fazes 34. Fascinou-me a tua maturidade, meio rapaz meio homem, os olhos azuis profundos e as mãos perfeitas. O primeiro encontro foi algo "esquisito", estavas com os copos e eram 20h, fui-te buscar à porta do trabalho. Achei tudo estranho mas percebi que te juntavas ao fim do dia na tasca da esquina mais próxima com os colegas. A bizarria não me afastou e deixou-me ainda mais curiosa, e foi um pulo até estarmos a namorar. Casámos passados dois anos e meio e foi um passo mais que acertado. Não quisemos ter logo filhos porque queríamos namorar e aproveitar. Bebemos juntos, dançámos juntos, ressacámos juntos, namorámos muito, ganhaste um concurso e fomos a Miami com esse dinheiro. Tivemos a nossa despedida de solteiros em Marrocos e levámos o gordo ainda na barriga à Tower Bridge. Fomos ver os cisnes ao Lago di Como e à ópera em Budapeste. Namorámos em Mykonos já como pais e palmilhámos Paris ainda solteiros. Metemo-nos num avião com um bebé de dois meses e fomos dizer olá ao teu avô em Stuttgart, à vinda parámos em Munique e encantámo-nos com a cidade. Fomos a Roma ver o Papa, recém-casados como que uma bênção e aproveitámos para ir à Sardenha em lua-de-mel. Comprámos uma casa juntos e fizemos a mudança no dia mais quente do ano num Smart. Só tínhamos uma cama, um sofá e a cozinha equipada, e muitos sonhos. Sonhos que se foram concretizando e sonhos que ainda enchem as divisões vazias mas tão cheias de projectos.
Temos nova droga prescrita, e esta é injectável e tudo - PUREGON. Nome bem queridinho. Fora de brincadeiras, o anterior medicamento, testado em 3 ciclos (fingidos, porque eu não os tenho) não funcionou comigo e portanto toca de mudar a estratégia. Por isso é muito importante sermos bem acompanhados por médicos da especialidade, porque aquilo que funciona comigo pode não funcionar com outra mulher qualquer. Importante também é todo o processo ser levado a cabo com uma vigilância apertada pois trata-se de pura manipulação hormonal e as coisas nem sempre correm como esperamos. Mas acima de tudo e como já vem sido hábito, descontracção é o mais importante, há quem ache estranho eu nunca perguntar nada "e depois disto sr. dr.? o que vem a seguir?". Não quero saber, um dia de cada vez, uma ecografia de cada vez, e sem muitas esperanças, neste processo aprendi que o melhor é ter a expectativas muito em baixo, dói tão menos.
Nota mental: nunca mais fazer publicações destas a uma sexta-feira. Fui castigada, cheguei a casa e tinha um bebé super constipado e cabisbaixo. Tinha combinado com a Isa ir à praia com as gémeas mas tal como disse: nunca fazer planos ou fazê-los com quem tem filhos e percebe. A noite de sexta-feira foi assustadora mas eu e o husbie dividimos o mal e a coisa até se fez. O pouco que dormiu foi encostado ao meu peito sempre em modo choramingas. A mistura explosiva é doenças mais birras! Um bebé doente e em fase de birras (daquelas que sempre olhámos de lado nos outros tipo atirar-se para o meio da calçada portuguesa em pleno Jardim da Parada) é de rezar a todos os santinhos que chegue a segunda-feira. E hei-la! Boa semana pessoas sem filhos.