É só comigo ou é habitual nunca termos espaço para nos vestir nos balneários femininos? Escolho sempre um cacifo longe daqueles que estão com cadeados, mas sempre que chego do treino tenho uma gorda qualquer sentada encostada ao meu cacifo, uma idiota que largou as tralhas todas e foi sabe Deus onde ou uma velhota simpática a pôr creme nos pés, dobrada, toda nua. Peço "com licença", "importa-se só que chegue às minhas coisas", "importa-se de desviar um pouco" e sou sempre brindada com olhares de fúria, respostas tortas ou monos que nem sequer pestanejam. Começo a achar que isto é uma espécie de fenómeno que devia ser estudado.
O que leva uma pessoa a ir colar-se a sítios que já estão ocupados quando por exemplo nem sequer estamos em hora de ponta? Porque raio estas senhoras gostam de roçar os rabos suados ou molhados umas nas outras? Porque raio sou sempre eu que tenho de abrir o meu cacifo em modo acrobático e ir arranjar um buraquinho livre para me despir sem que o meu suor esteja a pingar para os pés de uma destas gordinhas amorosas? Dá que pensar.
Desde que o bebé lá de casa esteve doente há coisa de duas semanas, as noites nunca mais foram as mesmas. Ora desperta por volta da meia noite num berreiro tal que parece que estão a abaná-lo, e fica a tremer no nosso colo, ora desperta às 03h da manhã e quer vir à força para a nossa cama e fica no meio de nós e a repetir no meio de gargalhadas e ininterruptamente "é a mamã, é o papá" até à exaustão. Ora chora, ora grita e estamos nisto, com sonos por turnos ou aos bocados. Resolvemos a dada altura que ele estava era com manha e queria enfiar-se debaixo dos nossos lençóis (salvo seja porque ninguém mantém aquela criatura tapada) e portanto agora nem o tiramos da cama dele, damos-lhe um abraço, dizemos "a tua cama é esta", saímos e no entretanto passou-se meia hora. Meia hora às 05h e depois às 06h e depois às 07h, quando o despertador toca às 08h não é fácil. Conversamos calmamente com ele enquanto ele grita "paiiiiii" e tentamos não perder a paciência porque é um bebé e não sabe queixar-se do que quer que seja que o atormenta. E todos mandam bitaites: é manha deixa-o chorar; são pesadelos, coitadinho; são terrores nocturnos; é medo que os pais desaparecem deviam dar-lhe colo; não sejas má vai lá enfiá-lo na tua cama o que é que custa? Custa, porque ele dorme de braços abertos, pernas abertas, atravessado e ainda me atira com o raio do peluche de estimação (o Júlio) à cara, puxa-me os cabelos, dá-me pontapés, faz-me festas, dá-me palmadas, tudo no espaço de 3 minutos. Imaginem lá o desassossego. No meio disto tudo ando a alimentar-me à base de cafés duplos e coca-colas para ver se sobrevivo acordada durante o dia.
Mais um ciclo cancelado na semana que passou. Depois de ter estado 14 dias a levar injecções na barriga sem que nada acontecesse, em dois dias tive uma hiperestimulação, e de dois folículos com tamanhos de cocó, passei para 5 em cada ovário de tamanho considerável. Conclusão, o risco de gravidezes múltiplas era demasiado elevado e portanto "pára tudo". Saí da IVI uma vez mais destroçada, abananada, revoltada, cansada. Pior, nestes casos aconselham a tomar Pregnyl à mesma para que a ovulação (ou as centenas de ovulações) ocorra e esperar que a menstruação apareça. No entretanto é abstinência total para que não haja qualquer perigo.
Somado à tristeza psicológica, nem vos falo do desconforto físico que isto tudo provoca. Tive uma Páscoa linda como devem imaginar! E são estas as notícias. Cada vez mais acredito que não vou conseguir ter um segundo filho.
As novidades escasseiam tal como a vontade de falar sobre o problema. Mas por outro lado sinto-me na obrigação de partilhar qualquer coisa porque enquanto escrevo posso ajudar alguém que me leia. A incapacidade de conceber ou de levar a termo uma gravidez tem um condão tão solitário que é assustador. Não quero sentir-me sozinha nesta caminhada. Enquanto escrevo tenho a certeza que alguém me lê, e só escrevendo consigo libertar todas as frustrações, medos ou ânsias que esta caminhada me trás. Enquanto escrevo atenuo alguns sentimentos de frustração ou tristeza mesmo que não escreva para ninguém em particular. Nunca ninguém me disse que ia ser fácil, mas não me preparei para ser tão difícil. Nunca ninguém me disse que ia precisar de dedicar tanto tempo a este tema, tantas deslocações, medicações ou ecografias. A vida não nos ensina nada sobre isto, as nossas mães não dedicaram tempo a explicar-nos que nem sempre dá ou acontece e a escola não nos prepara para a infertilidade, fala-nos de um aparelho reprodutor que tem tudo para trabalhar.
O caminho é difícil, cheio de altos e baixos, com muito choro à mistura e muito pena de nós próprias. O caminho pode ser demorado e o relógio não pára porque a nossa condição piora de ano para ano e a idade joga contra nós. Mas é o caminho percorrido que nos tem de tornar mais fortes e fazer acreditar que o nosso dia há de chegar, não sei de que forma e se naquela que queremos, mas chegará.
Panquecas proteicas com topping de "chocolate suave".
Os olhos também comem e nisto das escolhas saudáveis devemos sempre optar por pequenos almoços saudáveis ricos em proteínas e de preferência muito saborosos.
E foi criado o pão dos nossos sonhos, a Miolo conseguiu: pão baixo em Hidratos de Carbono mas com sabor a pão, a bom pão, são 17,4 gramas de hidratos por 100 gramas. Tinha de partilhar convosco esta descoberta MARAVILHOSA. É caro (4,55 EUROS), mas para quem está em restrições alimentares/dieta pode ser uma boa opção.
(infelizmente este não é um post patrocinado é mesmo uma partilha sincera de um achado)
Na verdade já é terça-feira eu sei, mas com as poucas horas de sono que levo em cima ando baralhada. A criatura continua com ranho, ranho esse que engole e que o engasga, e cada vez que se engasga cai a chupeta, e de cada vez que cai a chupeta ele chora até encontrar outra que esteja próxima, ou então mesmo depois de encontrar continua a chorar, incomodado com o ranho que lhe foi para a garganta e grita. Vai o pai que eu de noite fervo em pouca água, o pai que não está para ficar fora da cama enfia-o na nossa, e aí o pequeno ser ganha um novo alento, tem os progenitores por perto e fica numa tal excitação que não dorme e repete intercaladamente: mamã, papá, mamã, papá, mamã, paiiiii, mãeeeeee.
Sim nós sabemos que somos os teus pais, cala-te e dorme, não é hora de brincar. Ontem estivemos nisto até às 02h, e só quando expulsei o Sr. Pai da cama é que ele adormeceu. O pai é o companheiro da palhaçada e portanto independentemente das horas ele quer é brincadeira. Adormeceu em 3 minutos e ficou-se, na nossa cama, cheio de tosse, e eu nem com tampões dormi.
Porque raio as pessoas com conta no instragam publicam fotografias do almoço quando o almoço é sempre o mesmo? Frango cozido com arroz basmati cozido e brócolos cozidos. Ainda para mais um repasto destes com tão pouca graça. Mas não se fartam de comer sempre o mesmo? Ah sim mas eu estou em fase de anabolismo muscular. Ok!!! Eu sou a ovelha fit da família, a maluca das dietas, o papa livros das receitas saudáveis, uma cliente quinzenal da MyProtein e mesmo assim consigo D-I-V-E-R-S-I-F-I-C-A-R.
Ainda não tinhas 27 anos quando te conheci, hoje fazes 34. Fascinou-me a tua maturidade, meio rapaz meio homem, os olhos azuis profundos e as mãos perfeitas. O primeiro encontro foi algo "esquisito", estavas com os copos e eram 20h, fui-te buscar à porta do trabalho. Achei tudo estranho mas percebi que te juntavas ao fim do dia na tasca da esquina mais próxima com os colegas. A bizarria não me afastou e deixou-me ainda mais curiosa, e foi um pulo até estarmos a namorar. Casámos passados dois anos e meio e foi um passo mais que acertado. Não quisemos ter logo filhos porque queríamos namorar e aproveitar. Bebemos juntos, dançámos juntos, ressacámos juntos, namorámos muito, ganhaste um concurso e fomos a Miami com esse dinheiro. Tivemos a nossa despedida de solteiros em Marrocos e levámos o gordo ainda na barriga à Tower Bridge. Fomos ver os cisnes ao Lago di Como e à ópera em Budapeste. Namorámos em Mykonos já como pais e palmilhámos Paris ainda solteiros. Metemo-nos num avião com um bebé de dois meses e fomos dizer olá ao teu avô em Stuttgart, à vinda parámos em Munique e encantámo-nos com a cidade. Fomos a Roma ver o Papa, recém-casados como que uma bênção e aproveitámos para ir à Sardenha em lua-de-mel. Comprámos uma casa juntos e fizemos a mudança no dia mais quente do ano num Smart. Só tínhamos uma cama, um sofá e a cozinha equipada, e muitos sonhos. Sonhos que se foram concretizando e sonhos que ainda enchem as divisões vazias mas tão cheias de projectos.
Temos nova droga prescrita, e esta é injectável e tudo - PUREGON. Nome bem queridinho. Fora de brincadeiras, o anterior medicamento, testado em 3 ciclos (fingidos, porque eu não os tenho) não funcionou comigo e portanto toca de mudar a estratégia. Por isso é muito importante sermos bem acompanhados por médicos da especialidade, porque aquilo que funciona comigo pode não funcionar com outra mulher qualquer. Importante também é todo o processo ser levado a cabo com uma vigilância apertada pois trata-se de pura manipulação hormonal e as coisas nem sempre correm como esperamos. Mas acima de tudo e como já vem sido hábito, descontracção é o mais importante, há quem ache estranho eu nunca perguntar nada "e depois disto sr. dr.? o que vem a seguir?". Não quero saber, um dia de cada vez, uma ecografia de cada vez, e sem muitas esperanças, neste processo aprendi que o melhor é ter a expectativas muito em baixo, dói tão menos.