Uma das grandes mudanças que fiz foi deixar de cozinhar com azeite. Gorduras saudáveis vou buscá-las às oleaginosas, gema de ovo, azeitona verde, azeite fora das refeição e suplementação de ómega-3. Não é fácil cozinhar sem azeite, mas é tudo uma questão de aprendizagem. Apostar nas especiarias/condimentos, sal de qualidade (marinho e dos Himalaias), picante zero calorias (Tabasco), molho de soja biológico e mostarda (sem açúcar).
O Femara este ciclo não resultou, houve alguma resposta dos folículos mas nada de extraordinário. Ontem foi dia de consulta e ia preparada para vir munida com uma receita de Gonal ou outro injectável. Contudo, e conforme já vem sido hábito em todo este processo, tudo o que há para correr mal, corre mesmo. Não sabemos como o corpo ia reagir a este novo medicamento, nem quanto tempo ia demorar, e como o meu marido viaja na segunda-feira de madrugada, cancelou-se este ciclo. A minha fúria foi tanta que o expulsei do carro na 2ª circular. Ele pode não ter culpa nenhuma, mas eu muito menos. Foi um ciclo à vida, comprimidos à fava, tempo perdido, stress infligido... Agora tenho de esperar mais 10 dias, voltar a nova consulta, voltar a fazer nova ecografia, voltar a fazer Femara, esperar que responda, e caso não responda só aí iniciar os injectáveis. Mais um mês, mais uma voltinha.
Sim eu sei o título é demais, mas eu gosto sempre de "caprichar". Tenho andado pouco comunicativa no que diz respeito a este tema mas é porque (infelizmente) não existe grande coisa a contar. O segundo ciclo de Femara já começou, já vai a meio, e admirem-se... parece que não resultou e estes amigos preguiçosos, continuam assim mesmo, preguiçosos. Agora estou à espera (não sei bem do quê) para levar mais um cocktail de (novas) drogas. Vamos entrar no terceiro mês deste processo e confesso que já estou cansada. Admiro muito a coragem das mulheres que passam por isto durante tantos anos para conseguir realizar o sonho. O futuro a Deus pertence em sei, mas quanto a mim, e quando o cansaço me vencer, ponho o sonho de parte e arranjo outro qualquer.
E não me venham com a treta da conversa, ah e tal mas tu já tens um, porque já li muitos casos de mulheres lutadoras numa segunda volta.
Frases que dizemos que mostram que estamos aterrorizados:
"não faças barulho olha que ainda o acordas"
"é melhor não puxares o autoclismo"
"não olhes para ele agora, está distraído, se te vê a olhar pede colo e não dá jeito porque vamos a 120km/h, vamos cantarolar para ver se ele adormece"
"achas que esta noite vai haver "tourada"?"
Gestos do quotidiano que mostram que estamos apavorados:
- Andar em bicos de pé pela casa;
- Não puxar o autoclismo, ou pior, não ir fazer xixi às 05h da manhã só para não correres o risco de o teres de levar para a tua cama para continuares a dormir;
- Dormires com um olho fechado e outro aberto;
- Não dormires de todo;
- Viveres aterrorizada com o "esta noite ele vai acordar";
- Esperares que ele faça coco só para não correr o risco de ele acordar às 03h da manhã e resolver fazer um;
- Verificares 10 vezes se a fralda está bem colocada antes de o pores na cama só para não correres o risco de ele acordar com xixi até ao pescoço.
Hoje foi dia de consulta, dia de verificar que continua tudo na mesma e dia para iniciar um novo ciclo de tratamentos. Venham mais comprimidos, injecções, ovos e horas marcadas. Corridas à clínica para monitorizar a coisa. Venham mais horas perdidas a pensar no assunto, e minutos intervalados de descanso sem pensar em nada. Ninguém me disse que era fácil ou que era à primeira, mas ouvir (uma vez mais) "o seu corpo continua parado" não é agradável.
Desde que fui mãe sou escrava, escrava de um aparelho branquinho, fofinho que capta som e imagem no quarto do meu gordo e tem o nome de INTERCOMUNICADOR. "Será que já dorme?", não sei deixa-me espreitar o intercomunicador; "oh meu deus está-se a mexer", "oh meu deus, está a sonhar", "oh meu deus, caiu a chupeta, será que é preciso ir lá?", "ai que perdeu o boneco debaixo do edredon", "ai que está destapado", "oh meu deus, está a dormir a fazer o pino". Todas as noites é isto, desde que o deito até que a criatura acorda. O problema é que cada vez que ele se mexe acende a luz, e eu se tiver a dormir, acordo, cada vez que emite um ai ou um ui, acende-se a luz e a câmara apita, e eu acordo. E estou nestes despertares idiotas e só porque sim há 19 meses! É um vício, como o tabaco, quero estar sempre em cima do acontecimento, quero controlá-lo a 100%, sim ok, mas ele não vai trepar as grades, sair da cama, e fugir de casa com o seu boneco Júlio numa mão, a Júlia na outra e chupeta na boca.
E portanto hoje vou emancipar-me e dizer BASTA! A partir de hoje começa uma nova era, intercomunicador desligado na hora do soninho.
A esquisitice do meu filho com a comida tem vindo a melhorar, acho que faz parte da evolução e crescimento deles. Aos 18 meses já podem comer de tudo sem restrições. Não é daquelas crianças que come com gosto, tem de ser distraído (sim na hora da refeição eu ligo o Ipad e ponho qualquer coisa a passar no Youtube - vale tudo, desde a Heidi, formula 1, desenhos animados de carros, panda, Denis said his first word...) mas come. Sopa, prato e fruta nas refeições principais, iogurte com flocos de aveia ao pequeno almoço, e papa ao lanche, petisca entre refeições bolachas Maria, tortas de arroz integral e bolachas de agua e sal. Ainda não come pão com queijo ou fiambre, não come cereais da Nestlé ou imitações, não bebe qualquer tipo de sumos ou outras bebidas empacotadas, e tem direito a um queque ao lanche de sábado e meio ovo kinder ao domingo e a 3 ou 4 batatas fritas de vez em quando.
Sou uma tirana nisto dos desafios alimentares, sou exigente naquilo que cozinho para mim, tenho uma dieta restrita e controlada e portanto com ele tem de ser igual, mas claro sem ser fundamentalista e entrar naquelas loucuras de não o deixar comer uma bolacha Maria ou papa porque tem açúcar ou cortar o sal da sopa. Se ele preferia comer lasanha todas as semanas ou pizza? Não sei, nunca experimentou nenhuma dessas iguarias. Prefiro variar na fruta e legumes que lhe dou do que nos pratos principais ou lanches. Quando tem pouca fome, come menos, quando faz birras e não quer comer, paciência não come, o lema tem sempre sido o mesmo desde o dia em que ele comeu a primeira sopa (e se agoniou todo): não fazer da hora da refeição uma batalha campal de nos pôr os cabelos em pé.