Finalmente uma resposta
Ao fim de alguns meses de teimosia, em que resolvi optar por ser uma autodidacta no campo da reprodução feminina resolvi voltar ao meu médico de orelhas baixas e rabo entre as pernas. Recebeu-me de sorriso amável conforme é habitual e pronto a ouvir o meu rol de queixas. Voltei à carga com a frase do costume "estamos a tentar engravidar mas continuo sem menstruação", sim sim, já lá vão mais de 6 meses, sim o corpo reagiu ao Primolut (progesterona) mas depois voltou ao habitual, "ah e sabe devo mesmo estar com problemas hormonais porque nem na puberdade tive tantas borbulhas". Por baixo do meu ar normalmente descontraído toda eu estava em stress.
"Adivinho o que seja mas tenho de a observar". E lá fomos para a tortura habitual a que já nos habituámos ainda mais depois de termos sido mães. "olhe esta a ver ali todas aquelas bolinhas pretas, imensas?", estavam lá, fofíssimas a olhar para mim, "aquelas bolinhas são quistos, provocados por alterações hormonais...". Deve ter dito mais umas quantas coisas mas eu desliguei, queria vestir-me, sentei-me e ele continuou. "Quando são mais de 10 em cada ovário, com menos de 10 mm, a mulher sofre de síndrome dos ovários micropolicísticos, não é grave e trata-se com a pílula, o que não é compatível para quando se está a tentar engravidar, e como não tem menstruação, também não tem ovulação", fez uma breve pausa e prosseguiu "neste quadro, as probabilidades de conseguir engravidar sem ajuda são quase nulas".
Foi como um murro no estômago, pontapé na boca o que quiserem... ninguém quer ouvir estas palavras, mesmo tratando-se de isso mesmo, probabilidades. "o problema é quando este quadro é acompanhado de ausência total de menstruação, se ovulasse era tudo mais fácil e podia mesmo ser natural". Não tive reacção, saí de lá como se tivesse estado a beber café com uma amiga, com a credencial das análises na mão e uma carta de recomendação para uma consulta de apoio à fertilidade na outra (nome simpático para os nossos ouvidos).