Como também gosto de estar na moda resolvi comprar um body super in (não só porque todas dizem que é sexy mas porque também tem o seu quê de conforto). Ora, ontem quando estava a preparar-me para vestir o pijama o husbie entra no quarto e diz qualquer coisa como isto "ohh que giro, estás com uma roupa igual à do Gordo" - pois, o gordo é o nosso baby.
Acordar cedo com a mesma lengalenga a correr na cabeça: "entra a Pipa, entra a Clarinha, duas meninas a saltar à corda - ai é? sai a Pipa sai a Clarinha, entra o Pedro, entra o Matias, dois rapazinhos a saltar à corda" (só chega lá quem conhece) porque o fim-de-semana foi passado a ouvir os caricas em modo repeat. Ainda gostava de saber o porquê do fascínicio que aquilo provoca nas nossas pequenas criaturas. Ao menos já não chama o Panda de Mamã.
Anda com os bracinhos no ar, esticados e as mãos abertas, todo cambaleante. É a coisas mais querida que já vi (os nossos são-no sempre). Não passa da posição sentado para de pé, levanta-se apenas apoiado às coisas. Mas anda. Continua a gatinhar se tem pressa, porque só assim chega rápido a onde tem de chegar, já sobe o sofá e já se senta direito, já desce o sofá, é capaz de subir e descer o sofá 20 vezes no espaço de um minuto. Calça o 24 e infelizmente os babygrows estão prestes a deixar de servir porque só fazem até aos 18-24 e ele é perna longa. Continua magro mas com as suas adoráveis bochechas, tem caracóis e o pai detesta o cabelo dele, queria cortar à máquina mas eu não deixei. Cheira imenso a chulé e ri-se quando eu faço "pufffff que pivete". Fala muito naquela linguagem dele e adora gritar por mim, gasta-me o nome. Acho que posso dizer baixinho que está um pouco menos esquisito a comer, se fôr qualquer coisa doce nem se fala, lambuza-se literalmente. É o melhor do meu mundo e é por ele que faço tudo.
Afinal falei antes de tempo e o meu corpo continua em estado comatoso. É desesperante... vou tentar voltar a entrar em modo zen, mas de cada vez que saiu desse modo é mais difícil entrar. O fim-de-semana foi para esquecer, entre um teste negativo, 33 dias de ciclo, horas de sono perdidas, aulas, mau tempo, almoços em sítios miseráveis... isto a somar o facto de não receber salário desde Agosto porque imagine-se "não há divisas" ou ligo o piloto automático ou vou só ali chorar mais um pouco (para não dizer outras coisas). Viva as segundas feiras.
Tinha de partilhar com vocês a desilusão do fim-de-semana:
- Santini com sabor "melhor bolo de chocolate do mundo".
Ia eu toda lampeira à espera de uma explosão de chocolate na boca e sai-me um gelado cremoso, com um tom muito claro, demasiado claro para chocolate, muito doce e enjoativo. Qual é o melhor gelado de chocolate que por aí anda?
Esta história que vos vou contar é real, envolve amigos, pessoas que estão mesmo ali ao nosso lado. A ele conheci-lhe uma namorada, a ela não conheci nenhum. Ele sempre quis ter filhos, ela também. São amigos de longa data, os mesmos valores, a mesma religião, familias tradicionais, com trabalhos bem pagos, carreiras estabelecidas, casas montadas. Tinham tudo menos o amor de um filho e a possibilidade de amar da mesma forma. Faltava-lhes o "tal" para dar esse passo e devem ter pensado, e se o tal ou a tal não existir. Sentaram-se, falaram, e dormiram sobre o assunto. Durante 1 ano. Tiveram um ano para tomar a decisão e tomaram-na de forma consciente pondo à frente o amor e enfrentado a reprovação. Hoje ela está no fim do primeiro trimestre, em comum têm um filho e o amor incondicional que lhe darão, a coragem de tamanho passo. Geraram sem se amarem mas esta é das melhores histórias de amor.
Sabem aquele tipo de assuntos que preferimos não tocar pois temos medo que nunca venha a acontecer? Este é um deles, mas a partir do momento em que a partilha se inicia não temos como voltar atrás. Isto apenas para dizer que acho que o meu corpo está a começar a funcionar, é apenas um feeling e vale o que vale. Tal como já aqui tinha dito resolvi não continuar o tratamento de progesterona portanto estou "por minha conta" ou por conta deste meu útero mais do que preguiçoso. Continuamos no modo Zen e com pensamentos ou não pensamentos sobre-o-período-gravidezes-ovulações-hormonas e tudo o mais.
Tenho escrito muito pouco, queria ser mais regular, mas regularidade é coisa que não abunda na minha vida em todos os campos (eheheheh). Esta semana foi de doidos - é sempre quando o husbie sai de viagem e normalmente acontece uma coisa má - esta não foi excepção. No meio do caos, o curso que estou a fazer deixa-me morta porque é sexta-feira à noite e sábados de manhã, ou seja, nem consigo recuperar o cansaço da semana a tempo, para entrar nas segundas-feiras fresca que nem uma alface. Espero em breve voltar à regularidade habitual e presentear-vos com as minhas interessantes (ou não) peripécias.
A propósito deste artigo do Observador sobre as domésticas do nosso século não posso deixar de me questionar se estou a fazer o correcto. Sei sem sombra dúvida que estou a dar o meu melhor, mas não sei se será a melhor opção. Custa-me que o Henrique seja criado pela empregada, que o adora, mas não mais do que eu, custa-me estar no máximo duas horas por dia com o meu filho, custa-me deixá-lo todos os dias de manhã a choramingar porque não quer que eu me vá embora apesar de saber que passados dois minutos já se esqueceu. Eu trabalho bastante, tenho um emprego com alguma responsabilidade e viajo algumas vezes. O meu marido trabalha bastante e viaja bastante. Consegue sair cedo do trabalho mas não está em casa antes das 19h15. Mas depois temos daquelas semanas (como estas) em que ele não vê o filho de domingo a sábado, e ele já vai sentindo estas ausências. Tento colmatar de alguma forma mandando-o para casa dos meus pais nestas semanas porque sempre está com os avós, mas custa-me. Custa-me que este país não cuide dos pais e não fomente a natalidade.
E ao escrever estas palavras sei que muitos pensam "olha-me esta a falar quando tem um emprego e uma pessoa a tempo inteiro a ajudá-la". E tenho é verdade, mas não tenho um emprego das 09h às 18h (ontem, domingo, eram 23h30 e eu estava ao telefone para Luanda), tenho uma empregada porque não tenho horários que permitissem ter o bebé num colégio e porque posso claro. Mas este poder sai-me caro. Gostava que eu ou o pai pudéssemos estar mais presentes, gostava de não ter um emprego assalariado dependente da vontade dos outros com um salário próximo do que tenho actualmente. Gostava de na próxima vez que engravidasse não viver aterrorizada como se tivesse a pecar por ter emprenhado, imagine-se do meu marido. Gostava de não ter horários tão rígidos, gostava como todos nós de ter o melhor dos dois mundos. Hoje mando um abraço a todos os pais e mães que optaram por se dedicarem aos filhos com todas as vantagens e desvantagens associadas a essa opção. Sou da opinião que quando um ganha razoavelmente bem, talvez o outro possa passar a ter um emprego 24 horas por dia em casa. E o abraço não é pelo esforço desmesurado que este tipo de "empregos" acarreta mas sim porque optaram por cuidar primeiro dos seus mesmo que isso tenha implicado abdicar de outros "sonhos".