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Estado de (des)Graça

todas sabemos que a gravidez é um estado de graça.

12.Out.15

e o casamento?

Perguntava-me uma amiga como é que o casamento sobrevive ao nascimento de um filho. Sei que não existe uma fórmula mágica, sei que há casos, e conheço um, em que a relação do casal melhora muito, sei de outros casos em que a relação morre, e de outros em que a relação sobrevive. Só posso falar por mim e confesso que o inicio foi difícil. Não tinha tempo para ele, não queria estar com ele, era um misto de sensações, os babyblues a apoderarem-se de mim de tal forma que cheguei a pensar que estava com uma depressão profunda. Não gostava de mim própria, como poderia amar alguém? Passamos de 9 meses em que somos o centro das atenções para a sermos apenas mães, criadoras de bebés, passamos 9 meses com shots de hormonas para ficarmos sem hormona nenhuma. Passamos 9 meses a engordar para depois só querermos emagrecer. Passamos 9 meses a dormir mal para a seguir não dormirmos de todo.

Passou-me muitas vezes pela cabeça a palavra divórcio, dei por mim muitas vezes a olhar para o meu marido e a questionar-me "o que é que fazes aqui? baza, estás a mais". Verbalizei muitas vezes, demasiadas vezes, este tipo de sentimentos. Mas aqui estamos nós, juntos, mais adultos e mais próximos. Se há vezes em que me apetecia mandá-lo dar uma volta, também sei que é com ele que quero ter mais filhos e se isso não é amor não sei o que será. Por outro lado também não tenho pudor em dizer que o meu filho ocupa parte do meu coração e essa parte só poderá ser ocupada por outro amor do género que não se coaduna com o amor que sentimos por um homem. Mas o casamento sobreviveu, somos felizes com os nossos momentos, somos feitos um para o outro mesmo que com menos tempo para nos amarmos. Somos uma família, e isso só faz sentido com os dois presentes, debaixo do mesmo tecto. O casamento sobreviveu e não me imagino sem o homem ao lado do qual acordo todos os dias, mesmo que haja alturas em que só me apetece atirá-lo para fora da cama, mas isso, com ou sem filhos, acontece com todas nós. 

12.Out.15

num abrir e fechar de olhos

O Henrique já tem 15 meses, volvido um ano e 3 meses sobrevivemos. Eu e ele. É sem dúvida a melhor coisa que tenho na vida mesmo que "dá um beijinho à mamã" signifique levar com cabeçadas no nariz. Não ainda não anda, mas anda do mais bem disposto que há. Depois de meses com dentes a nascer (de Dezembro a Setembro foram 16 dentes), com vontade de trincar tudo, a babar-se em fio tipo boxer a coisa lá acalmou e parece que está finalmente a desfrutar da sua vida de bebé. No alto dos seus 86 cm já chega aos interruptores e fica largos minutos a acender e apagar as luzes, gosta de música e do Panda, já não dá cambalhotas quando lhe mudo a fralda (eu, porque com o pai continua a mesma tourada) e de repente também passou a gostar de comer os segundos pratos. É um guloso ao ponto de folhear a revista da bimby e fazer "huuuuuuummmmmmm" quando vê as fotografias de biscoitos ou bolinhos. 

Continua a ser cansativo não vou negar, mas será para toda a vida. Nisto de ser mãe não existem part-time ou coisas a meio gás. Quando se é, é para ser de cabeça. Hoje por exemplo adorava passar na Zara para devolver umas coisas que comprei a seguir ao trabalho mas não é de todo possível, temos de escolher entre isso ou não os ver de todo. Portugal é como todas sabemos um país pouco amigo das mães, entramos tarde e saímos tarde. E enquanto eles se deitam às 21h não há muito tempo útil. Para nós mães, com trabalhos assalariados dependentes de uma chefia, resta-nos a hora do almoço para conseguirmos fazer tudo o que há para fazer, e o inicio da manhã para brincar um pouco com eles. Com jeito, tudo se faz.