Os maridos deviam-se escolher por quem trazem atrás
Quando casamos ganhamos um marido e um pouco da família dele, mas quando temos um filho, os pais dele passam a ser avós do nosso rebento e portanto os laços estreitam-se. Nem sempre é fácil porque todos somos diferentes, com as nossas manias, com os nossos ideais, com os nossos pontos de vista.
Quando fiquei grávida, e sendo filha única, os meus pais ficaram loucos, doidos, já o outro lado da família ficou contente mas nada de mais, achei que ia ser especial porque era mais um a garantir o apelido PP. Mas enganei-me e ficou claro quando o meu sogro me disse na cara que não sentia absolutamente nada pelo ser que eu carregava dentro de mim. A partir daí deu-se o ponto de ruptura que chegou aos dias de hoje em que mal consigo encará-lo. Custa-me porque é o pai do meu marido, mas fiz vários esforços em vão.
É uma pessoa particular que acha ser o dono da razão, e não ouve nada nem ninguém, entra em minha casa e não raras as vezes arranca-me o filho dos braços (que desata sempre num berreiro, não há meio de se habituar aquele avô), começa sempre com a conversa do "é um bicho do mato / estás a criar um bicho do mato / são todos uns macacos / está é a precisar de irmãos, os filhos únicos são uns frustrados / é estrábico / tem a cabeça demasiado grande / sabe lá quem tu és, ele gosta de quem o alimenta / as minhas isto, as minhas aquilo..." tudo isto ouvi e ouço da boca dele, SEMPRE que o vejo, SEMPRE!
Esta é a família que eu tenho do lado de lá, que não é família, não é nada, e por muito que não pareça tenho pena, porque sempre quis ter irmãs, sempre quis ter uma família maior, sempre quis ter natais cheios. Os pais não se escolhem, mas os maridos quase que se deviam escolher por quem trazem atrás.