Hoje é noite só de mulheres lá em casa ou seja, só eu e a minha almofada, uma cerveja, um livro, sem horas. Posso fazer ruído em vez de andar em bicos de pé, posso tomar um banho prolongado sem ter aqueles dois olhinhos a fitarem-me, mas o que mais prezo, é dormir despreocupada, sem ressonares e intercomunicadores a acender. Uma vez por mês sabe bem independentemente de no dia a seguir acordar cheia de saudades. Acho que nunca mais nos habituamos a estar sem eles.
"Precisa de ácido fólico ou tem ainda? Comece já a tomar"
e aí caiu-me a ficha... pois eu é que lhe disse quando fizesse um ano começava a pensar, o ácido fólico começa-se dois meses antes (se for exequível claro) e o Pablozinho faz um ano (ou 12 meses vá) dia 4 de Julho. Está bem..........
Será que eu também vou dizer "o meu bebé tem 35 meses" é que assim de repente 35 meses não me diz rigorosamente nada, isso é quanto em anos? Não cansa viver com base em meses? É necessária essa precisão que se situa no meio termo dos anos vs dias? No famoso grupo das Mães do facebook todas elas dizem "a m tirou as fraldas aos 27 meses", o "j foi para uma cama de solteiro aos 35 meses"... Faz-me confusão, mas devo ser eu que ainda não sou uma "verdadeira" mãe.
Hoje o dia é especial, são 30 anos, e o segundo aniversário como mãe. No primeiro ainda não o conhecia, mas já era tão meu. Estou a ficar uma senhora crescida. Deve ser o peso da responsabilidade que me anda a causar insónias. Adormeço bem, mas depois durante a noite acordo de hora a hora e normalmente ali um pouco antes das 07h já estou mais desperta que uma criança depois de comer açúcar. Conclusão, ando cansada, e farto-me de fazer kms, porque aquela hora só me lembro mesmo de ir para a rua correr. Em casa não posso fazer barulho por causa das 12 horas de sono do príncipe.
Num abrir e fechar de olhos cheguei aos 30. Nunca imaginei como seria, como estaria, com quem estaria. Posso dizer que sou uma mulher realizada. Tenho um filho delicioso, um marido fantástico, um emprego bom, um cargo razoável e um ordenado óptimo. Fui mãe antes dos 30 e essa era a meta, mas imaginava ter dois já nesta idade. Mas nem sempre as coisas demoram o tempo que esperaríamos.
Tenho uma casa linda, comprada por nós, num dos bairros mais em voga no centro de Lisboa. Tenho um bom carro (bem, não é bem meu), tenho saúde, malas de marca e bons sapatos. Tenho uma bagagem cheia de sonhos, tenho viagens por fazer, e bebés por ter. Quero viver mais 30, com os que tenho agora e com mais ainda se der. Com os bons amigos de sempre, com criançada à volta, com bons restaurantes e bons vinhos.
Quero o mundo para mim, para nós e quero tempo. Não quero que o tempo pare porque todas as fases são boas fases mesmo que piores. Quero tanto que tenho medo de pedir, tenho medo que a vida me pregue uma partida e me tire algo importante ou me leve a mim. Mas 30 são 30 e eu peço e desejo.
Diz-me a experiencia que vêm aí mais 3 semanas aterradoras até um próximo dente sair. Para já conta com 8, e uma mãe convencida que novas crises só viriam lá para os 12 meses. As mães também se enganam.
Há semanas em que tenho a clara sensação que o Bebas está zangado comigo. Agarra-se ao colo da MJ quando chego e não quer vir para o meu, vira-me a cara, esconde a cara no pescoço dela, não me faz sorrisos, nada, amuado, zangado, irritado, não sei. Não gosto de semanas assim.
Há quem ainda ache que uma licença de maternidade são férias, ou que ambas as coisas são compatíveis. A essas pessoas só posso dizer que ou nunca tiraram uma licença para este efeito ou são mais estúpidas que uma bota da tropa.
Fui mãe em Julho de 2014, como só posso tirar férias em Agosto, não tirei. Não ia para lado nenhum com a criatura com um mês. Conclusão, a última vez que tive férias foi em Agosto de 2013. Conclusão secundária: a 1 de Agosto de 2015 faz dois anos que não tiro férias. E conclusão das conclusões, sinto-me um zombie, tenho uma dor de cabeça crónica, tenho vontade de disparatar todos os dias, e não raras as vezes apetece-me fugir sozinha não sei bem para onde. Algum sítio com mar, sem pessoas de escritório, marido ou bebé. Apenas eu e uma cama, vá e um copo de vinho e um bom livro.
Vocês aí que são mães, também têm medo que vos aconteça alguma coisa? Desde que fui mãe tenho pânico de morrer. Acho que é o medo de deixar o meu filho sem mãe.