O bebé António nasceu no dia 1 de Março de 2023, veio pequenino, no seu percentil 8, e ainda hoje, com 7 meses mantém-se na sua linha de crescimento. Foi um bebé calmo desde o inicio, adora comer, e dormir na sua cama. Faz as noites todas desde os 3 meses, chora pouco mas refila muito. É o terceiro de uma mãe de 3 rapazes. Olho de fora para o que tenho e sinto-me abençoada, não tive a menina com quem tanto sonhei, mas tenho 3 filhos lindos perfeitos e que adoro. Passaram-se 10 (...)
Das que por aqui andam, muitas acharão que o meu caminho até foi fácil, e em comparação com muitas histórias tenho já dois rapazes saudáveis neste mundo.
Na primeira gravidez demorei um ano a engravidar, ciclos longos e muitas vezes anovulatórios. Do segundo filho estive mais de 300 dias sem menstruar, uma amenorreia que surgiu do nada, que me deu direito a uma operação a um ovário, a um drilling ovárico, a ser introduzida no encantado mundo da metformina, a ver o meu peso (...)
Prometi que voltava e não voltei. A 8 de Março, disse que já estávamos a tentar o terceiro, e a 7 de Julho descobri que estava grávida. Sem tratamentos, apenas a ajuda dos testes de ovulação da Clearblue.
Com medo, fui vivendo tudo muito devagar e hoje, chegadas as 20 semanas ainda é tudo muito a medo. Acho que um aborto nos deixa sempre em próximas gravidezes muito apreensivas. Já não vou para nova, e no alto dos meus 37 anos, 3 gravidezes e dois filhos não me consigo (...)
Um pouco a medo, voltei aqui, depois de dois anos de interregno. Não sei se os blogues ainda existem, se alguém os lê, se não morreram na era digital comidos por insta moments tão em voga nos dias que correm.
Eu estou viva e pronta para um terceiro round de tentativas. Em busca da "menina encantada", haja esperança que seja desta, de forma natural e sem ter de fazer visita ao "banco de embriões".
O ano começou mal, o aborto, a espera pela expulsão em Janeiro. Depois veio Fevereiro, já mais composta mas com os meus medos a ficarem mais vincados, com os ataques de pânico novamente à espreita e com a obsessão pelas maminhas de novo em altas. Março trouxe o confinamento, foram 4 meses caóticos, eu em casa em teletrabalho, com um pico de trabalho daqueles, e os miúdos completamente passados da cabeça por estarem trancados. E Maio e porque andava paranóica, nova (...)
Os dias passaram a semanas, mês e meses, e dei por mim sem escrever durante 4 meses. A vida mudou tanto nesta nova era, para pior, com muita certeza. Confinada em casa 3 meses com dois miúdos, e mais um mês com um (entretanto o mais velho voltou para a escola) tem sido de malucos. Sinto que começo a ceder, a perder as forças, a paciência, a cabeça. Adormeço muitas vezes a pensar que raio de vida é esta dos novos adultos deste século, que passam horas e horas a trabalhar, e 5 (...)
Arrumámos os saltos, as calças pretas e camisas engomadas. Arrumámos as chaves do carro, as malas de marca e o batom YSL. Esquecemos as correrias, os minutos contados e as horas extra. Esquecemos o trânsito, os passeios nas Amoreiras a seguir a um treino rápido no Holmes Place. Deixámos os PTs, os almoços do Vitaminas ou a marmita junto ao PC. Esquecemos as saudades dos miúdos, do sofá e das séries no Netflix. Deixámos de ser bombardeados por "parcerias" no instagram, e (...)
Por aqui estamos fechados, os meninos e eu, o pai esse ainda sai para o trabalho. As horas passam mais devagar, ou não passam quando eles estão em modo lapa. A empresa fechou e o trabalho esse é assegurado à distância. Vou gerindo conforme consigo mas o que parecia importante ontem, hoje perdeu o sentido. As lojas fecham, os restaurantes fecham, os voos são cancelados. As compras on-line "crasham" porque os sites não estão preparados para tantos utilizadores. Vive-se neste sossego (...)
30 dias após a minha primeira visita ao Hospital dos Lusíadas, encerro mais um ciclo destes temas (in)férteis. O corpo recuperado, a cabeça tem dias. Dou por mim a pensar em coisas triviais como "não cheguei a ouvir o coração deste bebé". Mas siga em frente, acontece a muitas, não estou sozinha, diz que é uma em cada 7 mulheres já passou por algum tipo de aborto, e muitas por 2 ou 3. Dói, mas com dois pequenos em casa, o caminho é em frente. Do meu terceiro bebé, aquele que (...)
Somos nós que sofremos o aborto, mas eles também perdem um filho. Nisto da maternidade o homem é posto de parte ainda. Ninguém Lhe ligou a perguntar como estava, como se sentia. E Ele estava triste, em baixo, tinha acabado de perder o seu terceiro bebé. Também ele nunca o chegaria a conhecer. E os que ligavam perguntavam, “e ela como está”?, “está a ser duro para ela?”. Eu própria me esqueci de perguntar, e sempre que ele tentava falar na sua expectativa que tinha deixado (...)