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Estado de (des)Graça

todas sabemos que a gravidez é um estado de graça.

08.Jul.14

Born on the 4th of July

Eram 07h45 quando demos entrada no hospital para começar a indução. Quem me foi seguindo sabe que não era isto que pretendia, mas depois de duas semanas a caminhar que nem maratonista e sem qualquer evolução, já a passar das 40 semanas o médico não me deu grandes hipóteses. Ainda assim mentalizei-me que tudo poderia acontecer até ao dia mas enganei-me. Não fiquei nervosa, dormi bem na noite anterior e só no próprio dia comecei a questionar o que estava a fazer. Disse ao meu marido que tinha a certeza que teríamos de ir para uma cesariana, que nunca deveria ter aceite começar por indução e que devia ter seguido a minha intuição inicial. 

 

Depois de ter sido observada e me terem dito que o bebe continuava subido, o colo verde e fechado questionei-me em silêncio. Ninguém me disse que não valeria a pena e toca a tomar o comprimido milagroso pelo menos no que toca a fazer-nos ficar a parecer que nem peixes balão. As contracções começaram mas ficaram pelos 60%, novo toque, mais sangue e o colo continuava fechado. Ainda assim e sabendo da minha teima por um parto vaginal o médico resolveu tentar pela via de baixo. Novo comprimido, contracções mais intensas e às 16h o colo nem sequer estava permeável a um dedo. Para eles era óbvio que nada iria se alterar e do nada disseram "mama vamos para uma cesariana? a natureza é sábia, se por algum motivo ele não desceu vamos sabê-lo quando o tirarmos". Às 16h o meu instinto tornava-se realidade, às 16h30 já estava no bloco operatório para conhecer o Pablo às 16h56. Com 3.600 KG e 52 cm esta pessoa pequena foi a coisa mais bonita que alguma vez fiz. Quando o tiraram de dentro de mim e me mostraram percebi o que era ser mãe, não quis saber se era perfeito se tinha cabelo, mal olhei para ele, só conseguia pensar "porque raio não chora o miúdo?". Só no recobro tive oportunidade de olhá-lo bem e ele para mim com aqueles olhos grandes que conhecia tão bem de me olhar ao espelho todos os dias. 

 

Se foi fácil? Não. Se esqueci a dor toda que tive e que ainda tenho conforme dizem que acontece quando os põe nos nossos braços, não não esqueci, mas se compensa? Claro que sim. Independentemente de todos os objectivos terem saído ao lado, de ter sido aberta, fechada, cozida, revirada, prolongando-se a recuperação por muito mais tempo que num parto normal, hoje sei o que é ser mãe e amar de forma incondicional. Sei o que é não importar revirar as rotinas para dar atenção a uma criatura tão indefesa e imatura, tão dependente de nós, sei que a vida mudou para sempre e que todos os medos que tinha serão exponenciados ao mais alto nível. 

 

 

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